Amados filhos e filhas no Senhor,
A Igreja de Cristo, desde os primeiros dias após a Ressurreição, foi reconhecida não apenas pela fé que professava, mas sobretudo pelas obras de amor que realizava. As comunidades cristãs eram testemunhas vivas do mandamento novo de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo 13,34). E assim, no meio de um mundo marcado por desigualdades, sofrimentos e exclusões, a prática do amor tornou-se o sinal luminoso que revelava a presença do Ressuscitado no meio do seu povo.
Hoje, diante dos desafios do nosso tempo, o serviço aos mais frágeis continua sendo a via pela qual a Igreja mostra sua identidade mais profunda. Não se trata apenas de dar alguma coisa a quem precisa, mas de oferecer o coração, o tempo e a vida ao encontro do irmão. O amor cristão vai além da simples filantropia; é a resposta concreta ao amor de Deus que primeiro nos amou e nos convida a amar sem medidas.
A verdadeira compaixão nasce da contemplação de Cristo crucificado e ressuscitado. Ao reconhecermos o seu rosto no pobre, no doente, no migrante, no idoso abandonado ou na criança sem futuro, somos chamados a estender nossas mãos e transformar a dor em esperança. Cada gesto de solidariedade, por menor que seja, é semente de ressurreição plantada no coração do mundo.
É missão da Igreja, e de cada batizado, cultivar obras de misericórdia que alcancem os necessitados. Alimentar os que têm fome, vestir os que estão nus, visitar os enfermos, consolar os aflitos, acolher os sem abrigo — tudo isso não é acessório, mas parte essencial da vida cristã. Não podemos celebrar dignamente a Eucaristia se não estivermos atentos às feridas do irmão. Como nos recorda São João Crisóstomo, “honramos o Corpo de Cristo no altar, mas também o encontramos naqueles que padecem necessidade”.
Ao longo da história, a Igreja levantou hospitais, escolas, abrigos e tantas instituições de ajuda. Hoje, somos chamados a continuar essa missão com criatividade e coragem, atentos às novas formas de pobreza que atingem nossa sociedade. Não basta manter estruturas, mas é preciso sair ao encontro, ir às periferias, escutar o grito dos que não têm voz e defender a dignidade de todo ser humano.
O serviço aos necessitados deve também ser testemunho de unidade. Quando nos organizamos em nossas paróquias, pastorais e comunidades para servir juntos, damos ao mundo um sinal de que a fraternidade é possível. O auxílio aos pobres é vocação de todos. O cristão que se fecha em si mesmo, esquecendo-se dos que sofrem, contradiz o Evangelho que professa.
Convido, portanto, cada um de vocês a redescobrir a beleza do amor vivido em gestos concretos. Que nossa comunidade não se canse de realizar ações simples e transformadoras. Que nossas pastorais mantenham sempre viva a chama da solidariedade. E que, em tudo, brilhe o rosto misericordioso de Cristo, que veio “para servir e dar a vida em resgate por muitos” (Mc 10,45).
Queridos irmãos e irmãs, o amor é a coroa da fé. Sem ele, nossa religião torna-se estéril e nosso culto vazio. É pelo serviço generoso que o mundo acreditará que somos discípulos do Senhor. Por isso, avancemos juntos, firmes na esperança, generosos no amor, certos de que, ao ajudar os pequeninos, é o próprio Cristo que estamos servindo.
Confiemos esta missão à Virgem Maria, Mãe da Igreja e Senhora do Amor Servidor, para que ela nos ensine a viver um amor simples, fiel e atento às necessidades de todos.
Com minha bênção pastoral,
✠ Vinicius Lucas
Esmoler de Sua Santidade